Preços nos supermercados não param de subir
Valor da cesta básica sobe 30% em algumas capitais em um ano, de acordo com o Dieese
MANAUS – Em dezembro de 2021, quando o governo central anunciou o valor do salário mínimo para 2022, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) alertou que ele seria insuficiente para comprar duas cestas básicas em São Paulo. Na ocasião, o valor médio da cesta na capital paulista estava em R$ 700. Duas cestas básicas custariam R$ 1.400 enquanto o mínimo subiria para R$ 1.212.
No fim do mês de março deste ano, o terceiro mês com o novo mínimo de R$ 1.212, o valor da cesta básica na cidade de São Paulo já era R$ 761,19. No Rio de Janeiro, R$ 750,71. Em Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grane, Vitória, Brasília e Curitiba, o valor da cesta estava acima de R$ 700.
Das 17 capitais pesquisadas, em apenas seis o salário mínimo é suficiente para comprar duas cestas básicas.
Quem vai rotineiramente ao supermercado percebe que os preços não param de subir. Só neste ano, o preço do café já deu diversos saltos e algumas marcas já estão com valor dobrado em relação ao ano passado, quando começou a subir com a notícias de geadas no sul e sudeste do país.
Mas não é só o preço do café que sobe quase semanalmente. O pão francês deu um salto e foi acompanhado de outros produtos, como ovo e manteiga. A carne bovina se tornou artigo de luxo e só entra na cesta básica dos trabalhadores mais bem remunerados.
O poder de compra do trabalhador faz o movimento contrário: fica cada vez menor. O mesmo Dieese mostrou que em março de 2021, quando o salário mínimo era R$ 1.100, a jornada de trabalho necessária par comprar uma cesta básica foi calculada em 109 horas e 18 minutos. Em março deste ano, a mesma cesta exigia uma jornada de 119 horas e 14 minutos. Dez horas a mais de trabalho, mesmo com o valor do mínimo R$ 102 mais alto.
O Dieese também comparou o custo da cesta básica com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% da Previdência Social. Em março deste ano, uma cesta consumia 58,57% do rendimento do trabalhador assalariado. Em março de 2021, esse percentual era 53,71%.
Essa ciranda de preços altos joga cada vez mais famílias para a miséria no Brasil. E não se vê qualquer intervenção na política econômica que vise combater a alta de preços e a inflação.
O problema é que o ano só está começando, e o salário mínimo só será reajustado em 2023.
Fonte: Portal Amazonas Atual